sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Apartamento 201.

Esperava os dias, sugeria as noites. Entre garrafas de Coca_Cola e sonhos acalorados. Tocava as noites, esperava na cama, meias vermelha, usava as pernas com maestria e os cabelos lambendo o chão. Todos parecem estranhos por aqui. Essa cidade que insiste em pedir adeus. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fim

Acabo aqui as postagens do Cavalos. Foi ótimo, repassando alguns posts, alguns deles até que ficaram bacana. Valeu, cabrones!

quarta-feira, 28 de março de 2012

No Silêncio de Um Show de Rock


Recebi da editora Laura Assis o livro No Silêncio de Um Show de Rock,  de  Larissa Andrioli. Tive o prazer de criar a capa para o livro. Também recebi de Laura o livro Vaca contemplativa em terreno baldio, de Anelise Freitas. É um prazer participar de novos projetos literários como esses das gurias Mineiras.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Adeus, Bogotá!

A semana toda, os passos de Joana fazendo toc toc pela casa.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Pedro Juan Gutiérrez




Ok, eu ainda não tinha postado nada no Cavalos em 2012. Então resolvi postar, repostar uma antiga entrevista que fiz com o escritor Cubano Pedro Juan. Até hoje não sei o motivo dele ter a boa vontade de se prestar a dar essa entrevista a um zé ninguém. Buenas, isso prova que no mínimo o cara é gente fina, além de eu gostar muito da sua literatura. Para quem não leu ainda. Taí:


Ouvi falar em Pedro Juan Gutiérrez, foi no apartamento de um amigo. Lá estava ele com o livro Trilogia suja de Havana. Peguei o livro e dei uma examinada. Li trechos e logo percebi que eu gostaria do livro. Não deu outra. Pedi o livro emprestado e levei para casa. O homem de Cuba e suas histórias cheias de sexo, loucura, bebidas, sujeira e charutos. Homens e mulheres lutando para sobreviverem em meio a degradação.
Anos se passaram e então tive a oportunidade de entrevistá-lo. Uma entrevista que Pedro Juan Gutiérrez teve a gentileza de me conceder.

(Emerson Wiskow)

Wiskow - A literatura pode salvar, pode ser considerada um meio de libertação para o homem?

Pedro Juan - Definitivamente sim. A literatura é antes de tudo um exercício de reflexão e de pensamento. Quando se termina de ler um livro nunca mais se é o mesmo.


Wiskow - Você afirmou que escreveu Trilogia Suja, bêbado, numa espécie de transe e loucura. Como é que você escreve agora?

Pedro Juan - Isso acontece com muitos escritores. De alguma forma, somos mensageiros de um mundo invisível, percebemos e escrevemos. Por isso a literatura é absolutamente inexplicável.

Wiskow - Qual a importância das mulheres em tua vida, e na tua literatura?

Pedro Juan - Sem as mulheres não somos nada. Minha vocação original foi ser um cantor de boleros para cantar o amor as mulheres, aos desenganos, ao álcool, ao desespero e a luxúria.

Wiskow - O seu último livro lançado no Brasil, O Ninho da Serpente, mostra o personagem Pedro Juan na adolêscencia e quando jovem. Suas descobertas, sexo, literatura, seu crescimento e a batalha pela sobrevivência no caos que se instalou sobre sua vida de uma hora para outra. Seu próximo livro tratará sobre o quê?

Pedro Juan - Tenho o projeto de vários livros, mas incrivelmente basta eu escrever uma mínimo que seja, sem saber por que, e de repente se organiza um livro que sai da trevas. Assim, não posso responder de modo matemático. No momento estou descansando após ter passado quatro meses na Europa.


Wiskow - As pessoas geralmente desejam saber como vivem seus ídolos, escritores, atores, etc. Você tem muitos fãs no Brasil, como vive Pedro Juan?

Pedro Juan - Vivo como uma pessoa normal, igual as outras. Me preocupo muito com meus amigos da vida inteira e com minha familia. Fujo sempre da popularidade e de toda essa parefernália.

Wiskow - Existe algum conselho para quem está se aventurando na literatura?

Pedro Juan - Não tem porque se apressar em publicar algo. É melhor escrever bastante e não mostrar o que se escreve até que se esteja convencido de sua qualidade. Eu publiquei Triologia suja de Havana aos quarenta e oito anos. Antes disso, estive escrevendo e ocultando por trinta anos, contos, poemas e romances.

sábado, 31 de dezembro de 2011

... 2011........

sim, cabrones. acabou 2011. aqui, o último post. Que venha 2012, o velho Cavalos ficou meio abandonado nesse ano. A escrita também... quem sabe em 2012 eu consiga mais tempo, inspiração, sorte, e essa dama chamada literatura seja mais boazinha comigo. ótimo ano novo, cabrones!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Adeus, Bogotá!

Lola, em todo calor. Louca, liga no meio da tarde, fica esperando. Briga com o calor, deixa os lençóis molhados de suor e anda pela casa semi-nua. Arrasta-se  pela cama, chão e tem planos que me assustam.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eu dançaria se soubesse Lili

Eu não sabia dançar. Não sei. Por mais que Lili tentasse me ensinar. Ficamos assim por algumas semanas. Ela colocava música e me enrolava em seus braços. Boleros.
- Os Machões não dançam - eu disse, referindo-me ao livro do escritor Norman Mailer.
- Hahaha... Você é um idiota.
- Sim..., na maioria das vezes - eu respondi.
- Assim não dá, desisto! - ela disse.
- Eu falei que não consigo aprender. Como escreveu o Norman: Os Machões não dançam.
- Ah, pare com isso! Esse Norman não sabe de nada.
- Acho ele um bom escritor.
- Não sei, não quero saber...
- Está bem Lili. Vamos parar, eu desisto.
- Mas não entendo, fica ouvindo esses boleros e não sabe dançar.
- Não importa, os boleros são pelo meu coração partido.
- Ha,ha,ha... Você? Comigo esse papo não rola, neném.
- Lili, faça um café pra mim, por favor. As mulheres despedaçam meu coração.
- Acredito..., não sei como trato você tão bem.
Lili andou em direção ao fogão. A bunda grande requebrando sob o tecido do leve vestido floreado. Era linda. Era um senhor corpo. Um pardal pousou na janela. Um canário amarelo como um girassol. Acendi um cigarro e esperei o café.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Em 1985, a biblioteca pública de Nijmegen decidiu retirar de suas prateleiras o livro de Charles Bukowski, “Tales of Ordinary Madness" Pois bem, o Velho Buk escreveu uma carta em resposta: vale a leitura, e é incrível que ela continue tão atual. Tempos em que vivemos, do ultrapolicamentecorreto, enquanto alunos batem em professores e imbecis espalham-se assustadoramente.

"Caro Hans van den Broek:
Obrigado por sua carta contando-me da remoção de um dos meus livros da biblioteca Nijmegen. E que ele é acusado de discriminação contra negros, homossexuais e mulheres. E que é sádico por causa do seu sadismo.
A única coisa que temo discriminar é o humor e a verdade.
Se eu escrevo mal sobre os negros, homossexuais e mulheres, é por que os que eu conheci eram assim. Há muitos “males” – cães maus, má censura, há até mesmo “maus” homens brancos. Somente quando você escreve sobre “mau”, homens brancos não reclamam. E eu preciso dizer que há “bons” negros, “bons” homossexuais e “boas” mulheres?
No meu trabalho, como escritor, eu só fotografo, em palavras, o que vejo. Se eu escrever sobre “sadismo” é porque ele existe, eu não inventei isso, e se algum ato terrível ocorre no meu trabalho é porque essas coisas acontecem em nossas vidas. Eu não estou do lado do mal, como se o mal fosse algo inerente. Em meus escritos, eu nem sempre concordo com o que ocorre, nem vou me afundar na lama por causa deles. Além disso, é curioso que as pessoas que gritam contra o meu trabalho parecem ignorar as partes dele que enaltecem a alegria, o amor e a esperança, e há essas partes. Meus dias, meus anos, minha vida viu altos e baixos, luzes e trevas. Se eu escrevesse só e continuamente da “luz” e nunca mencionasse o outro, então como artista eu seria um mentiroso.
A censura é a ferramenta daqueles que têm a necessidade de esconder realidades de si mesmos e dos outros. Seu medo é apenas a sua incapacidade de enfrentar o que é real, e eu não posso desabafar minha raiva contra eles. Eu só sinto essa tristeza terrível. Em algum lugar, na sua educação, eles estavam protegidos contra os fatos de nossa existência. Eles só foram ensinados a olhar de um jeito, quando existem muitas maneiras.
Eu não estou desanimado que um dos meus livros tenha sido caçado e retirado das prateleiras de uma biblioteca local. Em certo sentido, sinto-me honrado que eu escrevi algo que despertou essas pessoas de seu eu superficial. Mas fico magoado, sim, quando alguém tem seu livro censurado, pois esse livro, geralmente é um grande livro e há poucos desses, e ao longo dos tempos esse tipo de livro tem muitas vezes se tornado um clássico, e o que se acreditava chocante e imoral é hoje leitura obrigatória em muitas das nossas universidades.
Não estou dizendo que meu livro é um desses, mas eu estou dizendo que em nosso tempo, nesta época em que qualquer momento pode ser a último para muitos de nós, é condenadamente irritante e incrivelmente triste que ainda temos entre nós a pequenez, as pessoas amargas, os caçadores de bruxas e os declamadores contra a realidade. No entanto, estes também pertencem a nós, eles são parte do todo, e se eu não tenho escrito sobre eles, eu deveria, talvez o faça, e isso é suficiente.
que todos nós possamos ficar melhor juntos,
seu,
Charles Bukowski"


domingo, 4 de setembro de 2011

Adeus, Bogotá!

Joana, esquece os dias. Passa tardes espiando pela janela e cuspindo nas calçadas.

sábado, 27 de agosto de 2011

A Sereia de Osório

Existe um conto do escritor Borges no qual um homem circula pela cidade sempre vestido da mesma maneira. Circula pelas ruas tranqüilamente, calmo, sem dar muita atenção para ninguém. Acho que sem dar atenção alguma. O homem tranqüilo, que veste sempre as mesmas roupas diariamente, que passa sem chamar a atenção de ninguém é apenas mais um pacato cidadão de uma simples cidade. Isso se repete por alguns dias, semanas, meses, até que numa certa noite dois policiais entram em sua casa e o predem. Motivo: O homem andava pela cidade completamente nu. Seu terno não passava de uma simples pintura sobre seu corpo. Genial. Borges havia acertado novamente.
Depois de escrever duzentos contos eu havia desistido deles, ou eles haviam me abandonado. Ou os dois. Estou de jeans, sem camiseta e tendando convercer Lulu que eu deveria estar louco em continuar tentando. Lulu me dava conselhos, dizia que era assim mesmo e que seria uma questão de tempo para eu voltar a escrever.
- Você ainda escreverá muitos livros.
- Sei... estou com quarenta anos de idade e ainda não publiquei.
- Gosto dos teus contos.
- Sei.
- Ei, lembra aquela história da sereia que você encontrou em na praia de Osório?
- Lembro.
- Aquela foi uma boa história.
Lulu ficou quieta, pareceu que estava pensando naquilo tudo. Na sereia, nos meus contos, em tudo. Eu havia escrito 200 contos antes de eles me abandonarem. Porto Alegre dormia aos poucos.


sábado, 13 de agosto de 2011

El Violinista del Amor



Então, cabrones... ando sumido mas não esqueci do blogue. Trabalha, trabalho, trabalho... nada de escrever... tenho que voltar, ela está sempre lá, na minha cabeça, a tal da escrita. Poderia escrever aguns continhos, mas para quê?
Aí vai minha nova paixão musical!
Gracias!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Adeus, Bogotá!

18:17
Joana veste-se para passear no parque. Cidade Fantasma. Antes, faz uma cena melodramática. Tenho que levá-la.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Efraim

Estava revendo algumas coisas. Coisa rápida, jogo rápido. O velho coelho correndo, correndo. Então reencontrei esse trecho do escritor colombiano Efraim Medina Reyes. Gosto desse texto, faz tempo que não escrevo, mas continua vagando na minha cabeça o fantasma da literatura. Certa vez escrevi num texto que escrever era para perdedores. Ainda acho.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Adeus, Bogotá!

Todas aquelas roupas da Guess que ela usava.
- Você viu essa, ficou bem?
- Sim, sim, ótima.
Eu achava um saco. Mas bem, ela usava, e posava. Isso era o legal da coisa. Então ela trazia a amiga modelo. Aquela coisa, você sabe. Eu bebia meu café e ficava observando aquelas duas. Eu inha que observar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ovos de Touro

Buenas, pensei mil vezes. Coloco meu Ovos de Touro lá ou não. Participo, ou não. Não costumo participar de concursos. E para falar a verdade, não acredito que possa ser escolhido. Recebi por e-mail a propaganda do Concurso, o vencedor terá seu livro publicado. Então cabrones, se quiser ver o livro Ovos de Touro em papel, dá uma votadinha. Também não ando postando nada no Cavalos, então... ao menos fica como post.
http://premio.clubedeautores.com.br/web/site_premio/votar.php?id=2166

sexta-feira, 13 de maio de 2011

40




Pois bem, completei 40 anos de idade no dia 9 de maio. Quarenta anos! Os cabelos mais brancos, o tempo passando... Nenhum livro publicado, a conta bancária inexistente... Apareço no Cavalos com uma certa nostalgia, uma casa velha que você gurada carinho e recordações. Não estou escrevendo, logo, não postando muito. Me aventurando um pouco nos desenhos, mas de tempos em tempo, algumas palavras, imagens, alguma coisa por aqui.

domingo, 1 de maio de 2011

Salsa Picante

Coca Diet e todas aquelas cores espalhadas pelos lugares. Maria enchia a geladeira com aquelas coisas. Coca Diet, pimenta, cores. Uma mistura fodida enquanto deslizava pela cozinha com seu vestido verde.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um monte de nada

Ligou o carro sob aquele sol infernal e deu a partida no velho Fusca 78. "Atravessar desertos é uma merda. Um monte de nada" pensou. Colocou uma fita-cassete e com o volume ao máximo ouviu Born To Be Wild. Jack o quebrou ao montar aquela motocicleta e sair por aí com o vento batendo-lhe no rosto. Stepen Wolf o fez pensar que poderia ser um franco atirador.
Kerouac embriagado, atravessando a América, dormindo com mariposas e anotando seus sonhos enquanto em algum quarto pequeno, triste e decadente, um velho escreve contos sujos para a Xota. Garrafas de cerveja vazias se amontoam num canto e tudo se embriaga de solidão, tédio e desespero.

O Fusca dá o máximo de si. O pedal do acelerador beija o assoalho empoeirado do carro. Porto Alegre agora é uma miragem que desapareceu no horizonte como um fantasma capenga.

Quando criança, antes mesmo de assistir Jack e seu parceiro com suas motocicletas em estradas sem fim, antes de ouvir Born To Be Wild, Carlos ouvia estórias sobre os desertos gaúchos. Depois de ouvir tudo aquilo, sobre os homens que morriam de sede, que se perdiam e eram picados por serpentes sob um sol escaldante, Carlos ia para a janela de sua casa com mil imagens e pensamentos em sua cabeça. Lá fora vaga-lumes, grilos, besouros e outros insetos pareciam enlouquecidos na escuridão. Carlos observa os insetos, as folhagens, a grama verde, os campos e as árvores que cercam tudo. Tudo inacreditavelmente verde, úmido do orvalho da noite e gotejando vida por todos os lados. Carlos não podia acreditar nos desertos gaúchos, mas nunca conseguiu esquecê-los.

O motor do Fusca roncando grotescamente sob o chão árido do deserto. O sol queimando a lataria do carro, a retina dos olhos de Carlos, os pedregulhos, a rala vegetação. Pequenas pedras saltavam para os lados como se tivesse vida, enquanto Carlos zunia com seu automóvel. Horas se passaram e Carlos continuava sem parar. "Um monte de nada", voltou a pensar olhando para a paisagem crua.

Sem saber o motivo Carlos sentiu vontade de dar um cavalo de pau no meio daquele deserto. "Ninguém atravessa um deserto sem dar um cavalo de pau", pensou Carlos com a garganta seca. Carlos acelerou o que pode, o velho Fusca rosnou como um valente monstro cansado, o toca-ficas esgarçando Born To Be Wild e tudo sacolejando e poeira e pedregulhos voando e ele com a mão grudada no freio de mão. Então o caralho do Fusca valente girou, girou, girou e tudo rodava rápido demais aos olhos de Carlos e uma nuvem de poeira engoliu tudo. Com um forte solavanco tudo parou de girar, menos a cabeça de Carlos e a poeira invadiu seus olhos e garganta e ouvidos e então ele deu uma grande gargalhada e olhou para a noite que despencava no horizonte daquele fodido deserto gaúcho.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entre aspas

Ando um pouco afastado do cavalos meu velho companheiro. Não lembro a última vez que escrevi um conto, pretendo um dia voltar a escrever. Micros histórias, contos... Estou dando atenção para meu blogue de desenhos, resolvi usar 2011 para desenhar mais. Nunca consegui conciliar muito desenhar e escrever. Minha cabeça muda de foco, a forma de pensar é diferente, as idéias são diferentes, o estado de espírito é diferente. Não pretendo abandonar o Cavalos, mesmo demorando mais, postarei algo aqui.

...

Carlos sentava toda tarde em frente sua casa. Alguns amigos apareciam para bater um papo, jogar conversa fora e fumar cigarros. O bairro todo, no verão, tinha uma iluminação diferente. Os dias passavam lentos, muitos estavam sem empregos fixos ou otalmente sem empregos. O melhor da tarde era ver Suzana passar desfilando seus cabelos crespos. Não saia com ninguém do bairro e nunca parava para conversar.

domingo, 10 de abril de 2011

Adeus, Bogotá!

Algumas vezes por semana Joana passou a me alimentar. Aparecia em casa, cozinhava, sorria. Comíamos com prazer, como deve ser.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

...

Virei-me em direção a voz.




- Como estão as coisas? Ainda escrevendo? - perguntou.



- Não - respondi.



quinta-feira, 24 de março de 2011



Novo clipe do Wander Wilder. Sempre que escuto ele lembro dos velhos tempo de Osvaldo Aranha, bebendo "Leite de Onça" e outros tipo de cachaça... vinho! Tudo parecia mais fácil e simples. Éramos todos crianças.


terça-feira, 22 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Você

Você é uma fera, ela disse
sua enorme barriga branca
e seus pés cabeludos.
você jamais corta as unhas
e tem mãos gordas
como as patas de um gato
seu nariz vermelho e brilhante
e os maiores bagos que
eu já vi.
você lança esperma como
uma baleia lança água pelo
buraco das costas.
fera, fera, fera,
ela me beijou,
o que você quer para o
café-da-manhã?
(poema de Charles Bukowski, no livro  

O amor é um cão dos diabos)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Aspas

tira nova no Herói Fracassado.
Eu sei, eu deveria me envergonhar de publicar aquilo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Nunca seríamos como aquele cara que dançava sobre o palco de tábuas

Elvis aos 21” é uma exposição itinerante montada pela National Portrait Gallery, de Washington, composta por 56 desses instantâneos.O fotógrafo Alfred Wertheimer acompanhou o então jovem cantor em sua primeira turne nacional. Nelas está um Elvis antes de tudo, para depois torna-se o rei. Não sou um cara que entende de música, mas para mim Elvis é o próprio rock 'n' roll. O cara que criou o rock 'n' roll. 
Porra, o cara alémd e tudo era bonito. Iria sobrar oque para nós?!
Para endossar minha opinião, aí cito esse rapaz, John Lennon, “antes de Elvis não havia nada”.

.... 

O cara subia naquele palco de tábuas e quebrava o quadril, as pernas indo e vindo alucinadamente. A voz fazendo as meninas sonharem, porra! As garotas cantavam, gritavam, urravam. Ninguém dançava daquela maneira, depois todos garotos também tentavam fazer o mesmo. A poeira levantava no meio da histeria. todos tentando a mesma coisa. Ele com aquela cara de bebê e elas adoravam. Todas desejavam trepar com ele. Tudo ali, naquela cidadezinha de merda. Então ele sorria e algumas tinham orgasmos, e nós olhando, putos da cara. As garotas que queríamos baixar as calcinhas, as garotas que ilustravam nossas punhetas, estavam todas lá. E todas queria um só pau. Porra, o cara era o rei. A voz ecoava, lambuzava, trovejava. As conções fazíam as meninas sonharem. Depois ele foi embora e começou a aparecer nas capas de revistas e na televisão. Os caras ainda invejavam, as garotas ainda sonhavam em ir para cama com ele. Nós sabíamos, éramos de outro time. Nos tornaríamos escritores, açougueiros, vendedores, advogados. Nunca aquele cara e a merda é que sabíamos.

Aspas

Parece que a profecia se confirma. A literatura me abandonou e eu desisti ela.
Até mesmo a NÃO literatura se foi sem olhar pra trás.

...


Mulheres que divertem-se com Monstros.

Aspas

"- Por que é que escreve sobre mulheres daquele jeito?
- Que jeito?
- Você sabe.
- Não sei não.
-Ora, eu acho uma vergonha um cara escrever tão bem como você e não saber nada sobre as mulheres.
- Não respondi."
(Charles Bukowski , sobre mulheres)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Senhor Medina

Todas as marcas do teu cigarro serão esquecidas num cinzeiro repleto de baganas
Motel 3:hs da madrugada
Medina Valdez chegou ao motel no meio da madrugada com uma prostituta, conheceu-a naquela mesma noite em uma boate. Depois de alguns drinks, cigarros e risadas, Medina resolveu levá-la para passar a noite em sua companhia no motel que está hospedado. Medina já se imagina enfiando-lhe entre a bunda. Ele enlaça a mulher de longo cabelo preto, desgrenhado ao chegarem na portaria engolida pela madrugada fria. Os dois fumam e ela marca o cigarro com batom.
- Senhor Medina! Senhor Medina! – grita à senhora Wagner surgindo como se do nada.
Medina vira-se com desdém absoluto. Carrega sua grande carteira enfiada na cintura da calça como se fosse uma arma.
- O senhor pode vir até aqui?
Sim..., responde ele grudando a barriga no balcão.
- O senhor sabe. Não pode trazer prostitutas a esse motel. São regras da casa.
- Senhorita Wagner. Essa moça não é uma prostitua, é minha namorada.
- O senhor parece ter muitas, senhor Medina.
- Sou um cara de sorte.
- Estou vendo, senhor Medina. Dá para notar. Mas sem prostitutas aqui.
Medina pega a carteira e retira algum dinheiro. A velha senhora Wagner observa calada, os olhos afiados.
- Pegue. É por concordar que minha namorada durma aqui essa noite.
A velha sorri como uma cobra esperta.
- Gracias, senhor Medina.
- Claro.
Medina volta para a mulher que espera impaciente com outro cigarro entre os dedos. Medina é um colombiano de meia idade, barrigudo, gosta de fumar charutos e beber. Chegou ao motel carregando uma enorme mala. Parece ter muito dinheiro e diz que é um homem de sorte.

sábado, 12 de março de 2011

On the Road

Li o livro On the Road há mais ou menos 15 anos. Talvez mais, parece um tempo distante e algumas imagens ainda parecem tão recentes na minha cabeça. Na época e não imaginava em escrever, tentar escrever, não conhecia um terço dos escritores que tomei contato depois. Nem mesmo o velho Bukowski. O fato é que gostei do livro, e já marcava um tipo de literatura que iria gostar até hoje. Uma literatura seca e sem muita frescura. A história da trip de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriarty –, de Paterson, New Jersey, até a costa oeste dos Estados Unidos, atravessando literalmente o país inteiro a partir da lendária Rota 66. Circulando por bares, bebidas, mulheres, a sonoridade das ruas, das planícies e das estradas americanas.
Em breve será lançado o filme On the Road, dirigido por Walter Salles. Claro, estou aguardando o lançamento do filme para poder assistir as aventuras de  Sal Paradise e Dean Moriarty.
Na foto Dean Moriarty dançando num bordel em Gregoria, norte do México.

sexta-feira, 4 de março de 2011

...

É carnaval... Não farei nada, nunca faço. Carnaval, não carnaval... Escolas de Samba, isto e aquilo. Não sou de carnaval, recolhe-me. Se conseguir tentarei terminar de finalizar minha HQ. Era só.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tão Forte Quanto o Aço

Sugar, Sugar. Joana chamava o animal dessa maneira. Na verdade Marcos achava aquilo meio ridículo. Vê-la ali, chamando um potente cavalo de Sugar. Um animal que possuía um pescoço grosso, forte, lindo e com o corpo repleto de músculos que pareciam aço brilhando banhados pelo sol. O suor escorria-lhe pela virilha, pelo pescoço. O olhar caído e estático. Um cavalo Crioulo que parecia imbatível. Joana passava-lhe a mão na cabeça e chorava. Marcos ali, olhando a cena toda. O animal ofegou agoniado.
- O quê vamos fazer? - disse Joana Trêmula. O suor brotava-lhe nas têmporas. Marcos continuou observando a cena parado um pouco atrás de Joana. Via aquelas duas figuras ali como se uma fizesse parte da outra. Passou a mão no rosto e suspirou cansado. O animal caído, estirado na grama verde, os olhos perdidos no vazio. Por um instante Marcos se deixa levar como que envolto numa nuvem, vê-se em Porto Alegre antes de irem para aquela pequena cidade no interior do Estado. Lembra de Joana no quarto, feliz enquanto preparava as malas para passar o feriado naquela cidadezinha coberta por verde. Joana falava entusiasmada sobre a criação de cavalos Crioulo que havia lá. Marcos ouvia a tudo enquanto fumava um cigarro.
Joana continuava passando a mão sobre a cabeça do animal, sentia o coração disparado.
- Faça alguma coisa! - disse ela, chorando.
- Ele quebrou o pescoço.
Sugar, Sugar”…
- Não há nada a fazer - disse Marcos num sussurro. Olhou para o animal, o brilho do seu pêlo, os músculos do corpo que lembravam aço talhados ali. Uma potência bruta que causava em Marcos a sensação de fragilidade ao comparar com sua carne fraca, sua pele fina, branca. Seus ossos poderiam esmilhagar-se contra a força daquele animal que agonizava tombado em sua frente. Nenhum outro homem por perto, apenas árvores e o vasto pampa numa bela tarde ensolarada. Joana permanecia agachada ao lado do cavalo, apenas murmurando:
“Sugar, Sugar…”.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ebook

http://www.4shared.com/document/AVXhObOs/MOSTRUARIO_DO_ABSURDO_FANTASTI.html

Para quem quiser "baixar" meu ebook de contos. Mostruário do Absurdo Fantástico. Parece que neste ano realmente não escreverei mais nada. Ainda que tivesse pensado em outro ebook de contos, talvez uma novelinha. No momento penso em quadrinhos, terminei uma pequena HQ (totalmente sem graça e sentido, no qual ao vê-la pronta pensei o motivo de um homem de 40 anos perder tempo com aquilo) e tenho que preparar outra. Pediram uma HQ suja, no qual eu teria vergonha de mostrar, de dizer que sou o autor, que poderia queimar meu filme no meio dos quadrinhos (já tá queimado). Tô pensando em um casal de coelhos, no qual a fêmea não da folga para o pobre coelho... Sexo, sexo e sexo... vamos ver... No mais... Falta de tempo, trabalho mal remunerado, falta de grana, falta de muita coisa. Ah, faltam alguns meses para completar quarentão.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ordinário

Saiu o álbum (Ordinário)de tiras do Rafael Sica
Quem aparece por aqui no Cavalos sabe que sou fã do cara.
Claro, tá na minha lista de compras.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FIGHT CLUB - Chuck Palahniuk





Quando assisti Clube da Luta há muitos anos, eu nunca tinha ouvido falar em Chuck Palahniuk. Também na época continuei não sabendo nada do cara. De qualquer forma gostei muito do filme, e pensei em quem teria escrito aquilo. Aconteceu que acabou caindo em minhas mãos o livro Clube da Luta pouco tempo depois que assisti ao filme, e só recentemente li Invisible Monsters, em alguns momentos assustador. Desde então, - buenas - já no tempo de Clube da Luta, Palahniuk tornou-se um dos meus autores prediletos. Claro, apesar de minha extrema sensibilidade. Agora espero conseguir outros livros de Chuck Palahniuk para ler. Sempre um soco no estômago.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Adeus, Bogotá!

Durante toda la tarde, Silvia deseó estar en una playa del Caribe mientras se bañaba en el tanque que quedaba en el fondo de su pequeño patio. Al mirar el viejo tanque en el suelo, Silvia no tuvo duda en trasformarlo en una piscina para refrescarse, cuando una gran ola de calor tomó Porto Alegre. Nadie aguantaba quedarse dentro de las barracas del pueblo, un vaho caliente invadía todo. Los moradores recordaban peces afuera del agua luchando por respirar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Daniel na Cova dos Leões (Sexto dia)

Por mais que eu tente Andréa sempre está por perto. Não literalmente, não fisicamente, mas aqui, aqui dentro, dentro da minha cabeça. Abro a geladeira e ela está lá, vou ao banheiro e ela está lá, vou ao açougue e ela está lá, bebo com os amigos e ela também está presente. Quando durmo, adormeço com ela. E mesmo assim, ela estando sempre em minha cabeça, e talvez por isto, não vejo a hora de estar com ela. Fisicamente. Ouço um estalo na porta e torço para que seja ela, chego em casa, e torço para que ela esteja me esperando, vou dormir, torcendo para que ela apareça.

Sentado na cadeira observo um besouro que saiu não sei de onde sobrevoar minha cabeça. Fica zunindo, zunindo, as asas movendo-se numa velocidade inacreditável sob a carapaça que a cobre quando está em repouso. Ele segue sobrevoando minha cabeça, fazendo círculos sobre ela, um círculo que se espande e se encurta, batendo nas paredes, no forro. Fico observando ele lá com o pressentimento que logo ele pousará sobre minha cabeça. Engenharia perfeita. Imagino ele parado, em repouso ou movendo-se lentamente, gorducho, lembrando algo, um fusca ou um pequeno furgão. Aquilo não voa, você pensa. Então ele levanta a carapaça que lhe cobre as pequenas assas finíssimas, transparentes e num movimento rápido levanta vôo movendo suas asas numa velocidade incrível.

Finalmente o besouro some e volto a folhear os classificados do jornal em busca de uma vaga para jornalista, em qualquer jornal que esteja precisando de um.

A noite Andréa finalmente aparece. Se eu tivesse me olhando no espelho tenho certeza que veria meus olhos brilharem. Ela sorri e me beija. Pergunto se ela quer sair - não sem antes irmos para a cama -, que meus amigos nos convidaram para beber em algum bar e jogar conversa fora. Ela responde tranquilamente que não gosta deles, respondo dizendo que também não gosto dos seus. É a primeira vez que discutimos. Andréa remexe a bolsa em busca cigarros, encontra e acende um. Nessa noite começo a fumar. Andréa ri e logo esquecemos os amigos. Carlos, Ernesto, Marcos, Tico, todos eles, todos meus amigos. Eles que se fodam.

Andréa veste um vestido de tecido leve, acredito ser de algodão, de cor azul. Preciso dela e me pergunto se ela precisa de mim. Algumas perguntas é melhor você não ter a resposta.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

MORANGOS E UVAS

Está bem, não adianta me perguntar. Simplesmente eu não sei o motivo, mas alguns textos, alguns que escrevi eu continuo gostando. Sinceramente acho que são menos que a quantia dos dedos da mão. Mas alguns, alguns eu encontro por aí e tenho uma simpatia, carinho até. Entre eles está Morangos e Uvas. Encontrei e bateu a vontade de postá-lo no Cavalos. Talvez pela centéssima vez. Não importa. Leia quem quer.

MORANGOS E UVAS

Vendi o porco, e Clara deu graças à Deus. Pudera, já estava na hora de eu dar uma boa notícia para Clara. Ela estendia algumas roupas no pequeno varal quando cheguei com um sorriso no rosto. O porco, além de feder, fazia uma sujeira desagraçada, juntava moscas e continuava magro.

Jamais conseguiríamos engordar aquele animal nojento. Clara lavou roupas como uma condenada e acabou ganhando o porco como pagamento. O negócio não era esse. Clara lavava roupas por dinheiro, e não por porcos, mas uma cliente não tinha como pagar e ofereceu o porco. Clara aceitou. Morena das boas, cativante e bonita. Percebi logo quando a vi pela primeira vez, sentada enquanto bebericava uma cerveja com outras duas mulheres. Uma delas era Sueli. Sueli ajudou, tive que pagar algumas cervejas e uma porção de batatas fritas. Sueli nos apresentou e no meio da noite eu senti os lábios e a língua de Clara. Esqueci Juliana. Não sou culpado.

Dois meses de tentativas frustradas e ninguém queria comprar o animal. Pequeno, feio e magro. Clara já se arrependera de ter aceito o porco como pagamento, pensara que conseguiria vendê-lo facilmente. Coisa que não aconteceu. Estávamos apertados, precisando de dinheiro, e então Clara aceitou o animal. Ofereceu-o para todos, colou na parede do armazém um pequeno cartaz que ela mesma fez, caprichando na propaganda. Disse-me para oferecer o porco aos meus amigos e conhecidos, para vendê-lo. Não agüentávamos mais aquele animal, e o dinheiro da venda seria bem-vindo.

Era triste ver Clara debruçada sobre o tanque, com montes de roupas encardidas e velhas para lavar. Roupas que vestiam pessoas que mal conhecíamos e que faziam o corpo de Clara doer. Terminava com dor nas costas, descadeirada, e mesmo assim sorria fácil.

Foi num sábado ensolarado que não agüentei mais, acordei ao lado de Clara, decidido a vender aquele porco. Aquela bosta de porco feio. Passaríamos a noite bebendo vinho, comendo saborosos quitutes, morangos e uvas... Eu venderia aquele porco para agradar Clara.

Levantei da cama cedo, tomando cuidado para não despertar Clara. Bebi uma xícara de café preto e saí para pegar o porco a fim de tentar vendê-lo. A manhã estava fresca e agradável, o sol brilhava prometendo um belo dia. Fui ao pequeno chiqueiro improvisado ao lado da casa, encontrei o animal fuchicando tranqüilamente com o focinho uma melancia cortada ao meio. Algumas moscas voavam ao redor, pousavam sobre a melancia e sobre a cabeça do porco. Corri atrás do animal que se esgueirava rente ao cercado até conseguir pegá-lo. Ajeitei-o com algum esforço dentro de uma caixa de madeira, o porco equilibrava-se, escorregava levemente para os lados com os olhos assustados.

Amarrei com uma corda a caixa sobre a traseira de uma velha camioneta emprestada por um amigo, entrei, dei a partida e pus-me a rodar pelo bairro. Sem saber ao certo para onde ir, fiquei algum tempo zanzando com o porco pelo bairro, a camioneta tremia, batia, parecia que iria se despedaçar a qualquer momento. Passei por uma turma de homens que conversavam em frente a um bar, parei e ofereci o porco. Mostrei o animal que adquiria um aspecto cada vez pior, a camioneta torrava por causa do calor que aumentava. O sol brilhava como uma bola de fogo louca e forte. O porco parecia tonto, com olhar morto ele fitáva-nos, baixava a cabeça e raspava o nojento fochinho no chão da pequena caixa de madeira. Logo ele estaria com sede, talvez já estivesse. “Ninguém comprará esse animal horrível”, pensei ao observá-lo. Os homens olharam-me com desconfiança e curiosidade, analizaram o porco e fizeram piadas a respeito do animal. Baixei o preço, limpei o suor que brotava em minha fonte, cuspi. De repente um velho que ouvia nossa conversa enquanto pitava um cigarro de palha aproximou-se vagarosamente. Olhou o porco, fucinho nojento, orelhas caídas, patas de besta... e fez uma oferta pelo animal. Fechei negócio, peguei o dinheiro e o velho levou o porco.

“Vendi o porco”, cheguei anunciando para Clara. Ela sorriu de satisfação, já no tanque. “Essa noite é nossa”, prometi enquanto a abraçava com ternura. Comprei o vinho, morangos e uvas para Clara.

Massive Attack - Live With Me

De borrachas e outras coisas


Asfalto, borracha, ruídos, pessoas batendo em você. Atropelo. Cimento e concreto. A beleza urbana, urbanóides. Moro, vivo neste pedaço de terra aí. Isolado, e ainda tem um céu azul e belas nuvens, árvores e mata. Gosto do lugar, da calamaria e das noites estreladas. Ainda tem o som de um velho trem de carga que passa próximo. A noite, deitado, dá para ouvir o som dele atravessando a mata como uma velha serpente mágica. É um dos sons mais lindos que existe, trens são mágicos. Algumas noites sento na varando e fumo um cigarro, fico observando a paisagem, a noite imensa, as estrelas brilhantes. Alguns amigos perguntam como consigo viver distante, isolado, fora do mundo. Como consigo?...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Clase - Por Charles Bukowski

No estoy muy seguro del lugar. Algún sitio al Noroeste de California. Hemingway acababa de terminar una novela, había llegado de Europa o de no sédonde, y ahora estaba en el ring pegándose con un tipo. Había periodistas, críticos, escritores -bueno, toda esa tribu- y también algunas jóvenes damas sentadas entre las filas de butacas. Me senté en la última fila. La mayor parte de la gente no estaba mirando a Hem. Sólo hablaban entre sí y se reían.
El sol estaba alto. Era a primera hora de la tarde. Yo observaba a Ernie. Tenía atrapado a su hombre, y estaba jugando con él. Se le cruzaba, bailaba, le daba vueltas, lo mareaba. Entonces lo tumbó. La gente miró. Su oponente logró levantarse al contar ocho. Hem se le acercó, se paró delante de él, escupió su protector bucal, soltó una carcajada, y volteó a su oponente de un puñetazo. Era como un asesinato. Ernie se fue hacia su rincón, se sentó. Inclinó la cabeza hacia atrás y alguien vertió agua sobre su boca.
Yo me levanté de mi asiento y bajé caminando despacio por el pasillo central. Llegué al ring, extendí la mano y le di unos golpecitos a Hemingway en el hombro.
-¿Señor Hemingway?
-¿Sí, qué pasa?
-Me gustaría cruzar los guantes con usted.
-¿Tienes alguna experiencia en boxeo?
-No.
-Vete y vuelve cuando hayas aprendido algo.
-Mire, estoy aquí para romperle el culo.
Ernie se rió estrepitosamente. Le dijo al tío que estaba en el rincón.
-Ponle al chico unos calzones y unos guantes.
El tío saltó fuera del ring y yo le seguí hasta los vestuarios.
-¿Estás loco, chico? -me preguntó.
-No sé. Creo que no.
-Toma. Pruébate estos calzones.
-Bueno.
-Oh, oh... Son demasiado grandes
-A la mierda. Están bien.
-Bueno, deja que te vende las manos.
-Nada de vendas.
-¿Nada de vendas?
-Nada de vendas.
-¿Y qué tal un protector para la boca?
-Nada de protectores.
-¿Y vas a pelear en zapatos?
-Voy a pelear en zapatos.
Encendí un puro y salimos afuera. Bajé tranquilamente hacia el ring fumando mi puro. Hemingway volvió a subir al ring y ellos le colocaron los guantes.
No había nadie en mi rincón. Finalmente alguien vino y me puso unos guantes. Nos llamaron al centro del ring para darnos las instrucciones.
-Ahora, cuando caigas a la lona -me dijo el árbitro- yo...
-No me voy a caer -le dije al árbitro.
Siguieron otras instrucciones.
-Muy bien, volved a vuestros rincones; y cuando suene la campana, salid a pelear. Que gane el mejor. Y -se dirigió hacia mí- será mejor que te quites ese puro de la boca.
Cuando sonó la campana salí al centro del ring con el puro todavía en la boca.
Me chupé toda una bocanada de humo, y se la eché en la cara a Hemingway. La gente rió. Hem se vino hacia mí, me lanzó dos ganchos cortos, y falló ambos golpes. Mis pies eran rápidos. Bailaba en un continuo vaivén, me movía, entraba, salía, a pequeños saltos, tap tap tap tap tap, cinco veloces golpes de izquierda en la nariz de Papá. Divisé a una chica en la fila frontal de butacas, una cosa muy bonita, me quedé mirándola y entonces Hem me lanzó un directo de derecha que me aplastó el cigarro en la boca. Sentí cómo me quemaba los labios y la mejilla, me sacudí la ceniza, escupí los restos del puro y le pegué un gancho en el estómago a Ernie. El respondió con un derechazo corto, y me pegó con la izquierda en la oreja. Esquivó mi derecha y con una fuerte volea me lanzó contra las cuerdas.
Justo al tiempo de sonar la campana me tumbó con un sólido derechazo a la barbilla. Me levanté y me fui hasta mi rincón. Un tío vino con una toalla.
-El señor Hemingway quiere saber si todavía deseas seguir otro asalto.
-Dile al señor Hemingway que tuvo suerte. El humo se me metió en los ojos. Un asalto más es todo lo que necesito para finalizar el asunto.
El tío con la toalla volvió al otro extremo y pude ver a Hemingway riéndose.
Sonó la campana y salí derecho. Empecé a atacar, no muy fuerte, pero con buenas combinaciones. Ernie retrocedía, fallando sus golpes. Por primera vez pude ver la duda en sus ojos.
¿Quién es este chico?, estaría pensando. Mis golpes eran más rápidos, le pegué más duro. Atacaba con todo mi aliento. Cabeza y cuerpo. Una variedad mixta. Boxeaba como Sugar Ray y pegaba como Dempsey.
Llevé a Hemingway contra las cuerdas. No podía caerse. Cada vez que empezaba a caerse, yo lo enderezaba con un nuevo golpe. Era un asesinato. Muerte en la tarde. Me eché hacia atrás y el señor Hemingway cayó hacia adelante, sin sentido y ya frío.
Desaté mis guantes con los dientes, me los saqué, y salté fuera del ring. Caminé hacia mi vestuario; es decir, el vestuario del señor Hemingway, y me di una ducha. Bebí una botella de cerveza, encendí un puro y me senté en el borde de la mesa de masajes. Entraron a Ernie y lo tendieron en otra mesa. Seguía sin sentido. Yo estaba allí, sentado, desnudo, observando cómo se preocupaban por Ernie. Había algunas mujeres en la habitación, pero no les presté la menor atención. Entonces se me acercó un tío.
-¿Quién eres? - me preguntó-. ¿Cómo te llamas?
-Henry Chinaski.
-Nunca he oído hablar de ti -dijo.
-Ya oirás.
Toda la gente se acercó. A Ernie lo abandonaron. Pobre Ernie. Todo el mundo se puso a mi alrededor. También las mujeres. Estaba rodeado de ladrillos por todas partes menos por una. Sí, una verdadera hoguera de clase me estaba mirando de arriba a abajo. Parecía una dama de la alta sociedad, rica, educada, de todo -bonito cuerpo, bonita cara, bonitas ropas, todas esas cosas-. Y clase, verdaderos rayos de clase.
-¿Qué sueles hacer? -preguntó alguien.
-Cojer y beber.
-No, no- Quiero decir en qué trabajas.
-Soy friegaplatos.
-¿Friegaplatos?
-Sí.
-¿Tienes alguna afición?
-Bueno, no sé si puede llamarse una afición. Escribo.
-¿Escribes?
-Sí.
-¿Qué?
-Relatos cortos. Son bastante buenos.
-¿Has publicado algo?
-No.
-¿Por qué?
-No lo he intentado.
-¿Dónde están tus historias?
-Allá arriba -señalé una vieja maleta de cartón.
-Escucha, soy un crítico del New York Times. ¿Te importa si me llevo tus relatos a casa y los leo? Te los devolveré.
-Por mi de acuerdo, culo sucio, sólo que no sé dónde voy a estar.
La estrella de clase y alta sociedad se acercó:
-El estará conmigo. -Luego me dijo-. Vamos, Henry, vístete. Es un viaje largo y tenemos cosas que... hablar.
Empecé a vestirme y entonces Ernie recobró el sentido.
-¿Qué coño pasó?
-Se encontró con un buen tipo, señor Hemingway -le dijo alguien.
Acabé de vestirme y me acerqué a su mesa.
-Eres un buen tipo, Papá. Pero nadie puede vencer a todo el mundo. -Estreché su mano-. No te vueles los sesos.
Me fui con mi estrella de alta sociedad y subimos a un coche amarillo descapotado, de media manzana de largo. Condujo con el acelerador pisado a fondo, tomando las curvas derrapando y chirriando, con el rostro bello e impasible. Eso era clase. Si amaba de igual modo que conducía, iba a ser un infierno de noche.
El sitio estaba en lo alto de las colinas, apartado. Un mayordomo abrió la puerta.
-George -le dijo-. Tómate la noche libre. O, mejor pensado, tómate la semana libre.
Entramos y había un tío enorme sentado en una silla, con un vaso de alcohol en la mano.
-Tommy -dijo ella- desaparece.
Fuimos introduciéndonos por los distintos sectores de la casa.
-¿Quién era ese grandulón?
-Thomas Wolfe -dijo ella-. Un coñazo.
Hizo una parada en la cocina para coger una botella de bourbon y dos vasos. Entonces dijo:
-Vamos.
La seguí hasta el dormitorio.
A la mañana siguiente nos despertó el teléfono. Era para mí. Ella me alcanzó el auricular y yo me incorporé en la cama.
-¿Señor Chinaski?
-¿Sí?
-Leí sus historias. Estaba tan exitado que no he podido dormir en toda la noche. ¡Es usted seguramente el mayor genio de la década!
-¿Sólo de la década?
-Bueno, tal vez del siglo.
-Eso está mejor.
-Los editores de Harperis y Atlantic están ahora aquí conmigo. Puede que no se lo crea, pero cada uno ha aceptado cinco historias para su futura publicación.
-Me lo creo -dije.
El crítico colgó. Me tumbé. La estrella y yo hicimos otra vez el amor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contos Maringaenses

O Paraná possui ótimos escritores, e uma nova turma, leva... caras que estão afim de criar suas histórias está nascendo. Botando a cara pra bater. Recebi o ebook Contos Maringaenses do meu amigo Wilame Prado. Ele e outros escritores de Maringá lançam o ebook e percorrem a cidade como uma brisa de uma bela poesia da vida cotidiana. Baixe seu ebook gratuitamente e conheça mais essa literatura.

http://contosmaringaenses.blogspot.com/p/2.html

domingo, 30 de janeiro de 2011

Military Prevents Confrontation between Protesters and Police in Cairo



- Como estão as coisas, Rubens?
- Você não sabe? Em algum lugar elas estão fervendo. E, Deus... Políticos, loucos... Estamos todos sentados num barril de pólvora.
- É, as coisas estão quentes...
- Que tal pedir mais uma?
- Claro...

Manchete

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mais silêncio

- ei...


- fala!

- está muito quieto aqui!

- sempre foi assim...- hoje está muito silencioso...

- passa a garrafa.

- sabe... nós não vencemos...- é... você tem razão

- ei...

- fala!

- nunca isto aqui esteve tão quieto.

- sempre foi assim...

- você tem razão. passe a garrafa.

- nós não vencemos.

- muitos não vencem.

- porra! não deveria ser assim.

- sempre será!

Invasão

"Eles virão?" - perguntou o cara ao lado.


"É claro que virão"

"Você já os viu?" - continuou a perguntar o cara.

"Não, mas parece que são grandes e feios, além de nojentos. Dizem que são verdes".

"Eles irão nos devorar" - disse o cara.

"Não, eles apenas bebem o nosso sangue".

"Dizem que eles lançam raios fulminantes e estão avançando rapidamente. Nada consegue detê-los"- disse o cara.

"Não esperávamos, não estávamos preparados para eles".

"Eles vieram mesmo de lá?"

"Parece que sim..."

"Foi o cara do rádio que alertou a cidade"

"É..."

"Quando eles aparecerem, o quê vamos fazer?" - perguntou o cara com uma expressão nervosa.

"Ora, vamos atirar entre seus olhos"

"E se eles não tiverem olhos?"

"Bom... acho que estaremos perdidos"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sofia

Hoje, 26 de Janeiro, minha filha Sofia completa seis anos de idade. A cada dia fico mais apaixonado, surpreendido e encantado por ela. Aquariana, esperta, inteligente, amorosa, companheira,... Minha Rata!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bukowski’s desk

Enquanto enlouquecemos, elas saem, dançam e riem com caubóis cheios de tesão.
                                                                                             Charles Bukowski

domingo, 23 de janeiro de 2011

Poster na parede da Borracharia. http://heroifracassado.blogspot.com/

Clint Eastwood, Fries and a Beautiful Sunny Afternoon

Ok, neste meio tempo, um conto meu publicado em um site Inglês (3ammagazine). Eu sei, a velha Inglaterra não é mais a mesma.

By Emerson Wiskow (trans. Steven Porter)

The sun latched onto Central Market like a soft glove. Downtown Porto Alegre. 22nd August, 2007. Susy and Carol go into the market. The pumpkin-faced shop assistant is packing some goods, he eyes up the women closely and continues with his work. Through the pane of glass the soft warm sun slid down. Only the shop assistant and the two women remain in the market. He thinks about something on seeing them. He thinks about them and imagines something. A few seconds of total silence. Then the sound of the women’s footsteps and the shop assistant sealing the brown parcel. The door opens. Two men enter. EVERYONE IN THE CORNER!! AAhhhh!!! FACE THE WALL!…A poster of Clint Eastwood on the wall. The shop assistant feels a shiver down his spine and looks at the men, the women, and the poster. Clint Eastwood with a flicker of a grin, holding a revolver, the hat resting carefully on his forehead. THE TRAMP THERE, YOU WITH THE FACE OF AN AMERICAN PORN ACTRESS! They both look at him… Unsure which one the man is addressing. He’s holding the weapon. They don’t know what type of gun it is. They think it could be a 38. They are mistaken. The other man approaches the till. THE MONEY!! The shop assistant trembles. THE MONEY!! He opens the till, takes the lot. THE BUSTY BLONDE! YOU! The blonde walks towards the man holding the automatic. She walks slowly. QUICKLY, TRAMP! He gets her tits out, lifts her blouse. A large firm breast with a pink areola and stiff nipple emerges. He sucks. The shop assistant turns away and looks at the face of the one holding the gun, observing him. The shop assistant thinks of the pretty breasts, the other woman watches, he hears the women’s hearts beating strongly. They are terror-stricken, the shop assistant can’t stop his legs from shaking. One of the men puts the money in a bag, the other keeps sucking the blonde’s tit before pushing her aside and heading for the shelves. He lifts a few packets of potato chips, two bottles of whisky. The shop assistant receives a blow to the head, blood oozes out and he doesn’t feel it. The men run away. Do you want one? – asks one of the men now seated in a car crossing the city. Fuck, no! The one making the offer is stuffing his face with crisps. I love these potato chips! Fuck! Did you see the tits on that tramp?! In the market, the two women and the shop assistant try to recover from the assault. Clint Eastwood keeps smiling on the poster.

Cavalos 6 Anos


E não é que acabei me dando conta que o Cavalos já existe há seis anos! Seis anos, não pensei que a brincadeira fosse durar tanto. Agradeço aos que tiveram paciência, saco e coragem para aparecer por aqui. Gracias!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tarantino's Mind



Vídeo com Senton Mello e Seu Jorge. Cara, taí um diálogo, roteiro, que eu gostaria de ter criado. Ponha-se no seu lugar, Emerson! Você não tem talento pra isso.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Crônico

Buenas, finalmente terminei as ilustrações para uma coletânea de crônicas. Quando estiver liberado, posto as outras ilustras aqui e no blog Herói. http://heroifracassado.blogspot.com/

sábado, 15 de janeiro de 2011

Click

O sorriso um tanto idiota - Lola, dizia. Entre copos de cerveja, cigarros e suspiros abafados. Ok, você deve conhecer o tipo. Não? Está bem. Lola é desse tipo. Ah, você não conhece o tipo. O tipo Coringa, louca. Absuramente imprevisível. Ela não sabe disso. E fala enquanto mostra a foto do Coringa gargalhando. Fala da gargalhada dele, do sorriso dele. Fala de tudo. Então acende outro cigarro e sorri novamente. Evito mas lembro o Coringa. Lola, a louca. Bebo outro gole e penso e dar o fora. Você, sabe... Não? está bem.
O negócio é que se você. Não sabe? Bom, deixa pra lá.

nouvelle vague

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Notas frias em dias quentes

Tá certo, o ano iniciou e eu não escrevi porra nenhuma. Nem sei se escreverei. Sei que é chover no molhado, mas cada vez parece mais difícil escrever e também estou sem ânimo algum. Ainda tenho a vaga ideia de uma novela, tenho que juntar algum material que guardei para começar a escrever. Terminei algumas ilustras que estava fazendo, não sei se sairá a publicação. Quando poder posto aqui ou no herói fracassado. Por enquanto, vai mais uma do Bukowski.


Um bom tempo
é como
boas mulheres
não é sempre que acontece
e quando surge
ele urge.
o homem é
mais estável:
se ele está mau
há mais chances
que ele prossiga nesse caminhar
e se ele está bem
com certeza isso logo se interromperá,
mas uma mulher
modifica-se
pelos
filhos
pela
idade
pelas
dietas
conversas
pelo
sexo
luar
pela
falta da luz solar
ou de bons momentos.
uma mulher deve ser mantida
pelo amor
onde um homem pode tornar-se
mais forte
ou ser alvo de rancor.