quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tão Forte Quanto o Aço

Sugar, Sugar. Joana chamava o animal dessa maneira. Na verdade Marcos achava aquilo meio ridículo. Vê-la ali, chamando um potente cavalo de Sugar. Um animal que possuía um pescoço grosso, forte, lindo e com o corpo repleto de músculos que pareciam aço brilhando banhados pelo sol. O suor escorria-lhe pela virilha, pelo pescoço. O olhar caído e estático. Um cavalo Crioulo que parecia imbatível. Joana passava-lhe a mão na cabeça e chorava. Marcos ali, olhando a cena toda. O animal ofegou agoniado.
- O quê vamos fazer? - disse Joana Trêmula. O suor brotava-lhe nas têmporas. Marcos continuou observando a cena parado um pouco atrás de Joana. Via aquelas duas figuras ali como se uma fizesse parte da outra. Passou a mão no rosto e suspirou cansado. O animal caído, estirado na grama verde, os olhos perdidos no vazio. Por um instante Marcos se deixa levar como que envolto numa nuvem, vê-se em Porto Alegre antes de irem para aquela pequena cidade no interior do Estado. Lembra de Joana no quarto, feliz enquanto preparava as malas para passar o feriado naquela cidadezinha coberta por verde. Joana falava entusiasmada sobre a criação de cavalos Crioulo que havia lá. Marcos ouvia a tudo enquanto fumava um cigarro.
Joana continuava passando a mão sobre a cabeça do animal, sentia o coração disparado.
- Faça alguma coisa! - disse ela, chorando.
- Ele quebrou o pescoço.
Sugar, Sugar”…
- Não há nada a fazer - disse Marcos num sussurro. Olhou para o animal, o brilho do seu pêlo, os músculos do corpo que lembravam aço talhados ali. Uma potência bruta que causava em Marcos a sensação de fragilidade ao comparar com sua carne fraca, sua pele fina, branca. Seus ossos poderiam esmilhagar-se contra a força daquele animal que agonizava tombado em sua frente. Nenhum outro homem por perto, apenas árvores e o vasto pampa numa bela tarde ensolarada. Joana permanecia agachada ao lado do cavalo, apenas murmurando:
“Sugar, Sugar…”.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ebook

http://www.4shared.com/document/AVXhObOs/MOSTRUARIO_DO_ABSURDO_FANTASTI.html

Para quem quiser "baixar" meu ebook de contos. Mostruário do Absurdo Fantástico. Parece que neste ano realmente não escreverei mais nada. Ainda que tivesse pensado em outro ebook de contos, talvez uma novelinha. No momento penso em quadrinhos, terminei uma pequena HQ (totalmente sem graça e sentido, no qual ao vê-la pronta pensei o motivo de um homem de 40 anos perder tempo com aquilo) e tenho que preparar outra. Pediram uma HQ suja, no qual eu teria vergonha de mostrar, de dizer que sou o autor, que poderia queimar meu filme no meio dos quadrinhos (já tá queimado). Tô pensando em um casal de coelhos, no qual a fêmea não da folga para o pobre coelho... Sexo, sexo e sexo... vamos ver... No mais... Falta de tempo, trabalho mal remunerado, falta de grana, falta de muita coisa. Ah, faltam alguns meses para completar quarentão.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ordinário

Saiu o álbum (Ordinário)de tiras do Rafael Sica
Quem aparece por aqui no Cavalos sabe que sou fã do cara.
Claro, tá na minha lista de compras.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FIGHT CLUB - Chuck Palahniuk





Quando assisti Clube da Luta há muitos anos, eu nunca tinha ouvido falar em Chuck Palahniuk. Também na época continuei não sabendo nada do cara. De qualquer forma gostei muito do filme, e pensei em quem teria escrito aquilo. Aconteceu que acabou caindo em minhas mãos o livro Clube da Luta pouco tempo depois que assisti ao filme, e só recentemente li Invisible Monsters, em alguns momentos assustador. Desde então, - buenas - já no tempo de Clube da Luta, Palahniuk tornou-se um dos meus autores prediletos. Claro, apesar de minha extrema sensibilidade. Agora espero conseguir outros livros de Chuck Palahniuk para ler. Sempre um soco no estômago.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Adeus, Bogotá!

Durante toda la tarde, Silvia deseó estar en una playa del Caribe mientras se bañaba en el tanque que quedaba en el fondo de su pequeño patio. Al mirar el viejo tanque en el suelo, Silvia no tuvo duda en trasformarlo en una piscina para refrescarse, cuando una gran ola de calor tomó Porto Alegre. Nadie aguantaba quedarse dentro de las barracas del pueblo, un vaho caliente invadía todo. Los moradores recordaban peces afuera del agua luchando por respirar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Daniel na Cova dos Leões (Sexto dia)

Por mais que eu tente Andréa sempre está por perto. Não literalmente, não fisicamente, mas aqui, aqui dentro, dentro da minha cabeça. Abro a geladeira e ela está lá, vou ao banheiro e ela está lá, vou ao açougue e ela está lá, bebo com os amigos e ela também está presente. Quando durmo, adormeço com ela. E mesmo assim, ela estando sempre em minha cabeça, e talvez por isto, não vejo a hora de estar com ela. Fisicamente. Ouço um estalo na porta e torço para que seja ela, chego em casa, e torço para que ela esteja me esperando, vou dormir, torcendo para que ela apareça.

Sentado na cadeira observo um besouro que saiu não sei de onde sobrevoar minha cabeça. Fica zunindo, zunindo, as asas movendo-se numa velocidade inacreditável sob a carapaça que a cobre quando está em repouso. Ele segue sobrevoando minha cabeça, fazendo círculos sobre ela, um círculo que se espande e se encurta, batendo nas paredes, no forro. Fico observando ele lá com o pressentimento que logo ele pousará sobre minha cabeça. Engenharia perfeita. Imagino ele parado, em repouso ou movendo-se lentamente, gorducho, lembrando algo, um fusca ou um pequeno furgão. Aquilo não voa, você pensa. Então ele levanta a carapaça que lhe cobre as pequenas assas finíssimas, transparentes e num movimento rápido levanta vôo movendo suas asas numa velocidade incrível.

Finalmente o besouro some e volto a folhear os classificados do jornal em busca de uma vaga para jornalista, em qualquer jornal que esteja precisando de um.

A noite Andréa finalmente aparece. Se eu tivesse me olhando no espelho tenho certeza que veria meus olhos brilharem. Ela sorri e me beija. Pergunto se ela quer sair - não sem antes irmos para a cama -, que meus amigos nos convidaram para beber em algum bar e jogar conversa fora. Ela responde tranquilamente que não gosta deles, respondo dizendo que também não gosto dos seus. É a primeira vez que discutimos. Andréa remexe a bolsa em busca cigarros, encontra e acende um. Nessa noite começo a fumar. Andréa ri e logo esquecemos os amigos. Carlos, Ernesto, Marcos, Tico, todos eles, todos meus amigos. Eles que se fodam.

Andréa veste um vestido de tecido leve, acredito ser de algodão, de cor azul. Preciso dela e me pergunto se ela precisa de mim. Algumas perguntas é melhor você não ter a resposta.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

MORANGOS E UVAS

Está bem, não adianta me perguntar. Simplesmente eu não sei o motivo, mas alguns textos, alguns que escrevi eu continuo gostando. Sinceramente acho que são menos que a quantia dos dedos da mão. Mas alguns, alguns eu encontro por aí e tenho uma simpatia, carinho até. Entre eles está Morangos e Uvas. Encontrei e bateu a vontade de postá-lo no Cavalos. Talvez pela centéssima vez. Não importa. Leia quem quer.

MORANGOS E UVAS

Vendi o porco, e Clara deu graças à Deus. Pudera, já estava na hora de eu dar uma boa notícia para Clara. Ela estendia algumas roupas no pequeno varal quando cheguei com um sorriso no rosto. O porco, além de feder, fazia uma sujeira desagraçada, juntava moscas e continuava magro.

Jamais conseguiríamos engordar aquele animal nojento. Clara lavou roupas como uma condenada e acabou ganhando o porco como pagamento. O negócio não era esse. Clara lavava roupas por dinheiro, e não por porcos, mas uma cliente não tinha como pagar e ofereceu o porco. Clara aceitou. Morena das boas, cativante e bonita. Percebi logo quando a vi pela primeira vez, sentada enquanto bebericava uma cerveja com outras duas mulheres. Uma delas era Sueli. Sueli ajudou, tive que pagar algumas cervejas e uma porção de batatas fritas. Sueli nos apresentou e no meio da noite eu senti os lábios e a língua de Clara. Esqueci Juliana. Não sou culpado.

Dois meses de tentativas frustradas e ninguém queria comprar o animal. Pequeno, feio e magro. Clara já se arrependera de ter aceito o porco como pagamento, pensara que conseguiria vendê-lo facilmente. Coisa que não aconteceu. Estávamos apertados, precisando de dinheiro, e então Clara aceitou o animal. Ofereceu-o para todos, colou na parede do armazém um pequeno cartaz que ela mesma fez, caprichando na propaganda. Disse-me para oferecer o porco aos meus amigos e conhecidos, para vendê-lo. Não agüentávamos mais aquele animal, e o dinheiro da venda seria bem-vindo.

Era triste ver Clara debruçada sobre o tanque, com montes de roupas encardidas e velhas para lavar. Roupas que vestiam pessoas que mal conhecíamos e que faziam o corpo de Clara doer. Terminava com dor nas costas, descadeirada, e mesmo assim sorria fácil.

Foi num sábado ensolarado que não agüentei mais, acordei ao lado de Clara, decidido a vender aquele porco. Aquela bosta de porco feio. Passaríamos a noite bebendo vinho, comendo saborosos quitutes, morangos e uvas... Eu venderia aquele porco para agradar Clara.

Levantei da cama cedo, tomando cuidado para não despertar Clara. Bebi uma xícara de café preto e saí para pegar o porco a fim de tentar vendê-lo. A manhã estava fresca e agradável, o sol brilhava prometendo um belo dia. Fui ao pequeno chiqueiro improvisado ao lado da casa, encontrei o animal fuchicando tranqüilamente com o focinho uma melancia cortada ao meio. Algumas moscas voavam ao redor, pousavam sobre a melancia e sobre a cabeça do porco. Corri atrás do animal que se esgueirava rente ao cercado até conseguir pegá-lo. Ajeitei-o com algum esforço dentro de uma caixa de madeira, o porco equilibrava-se, escorregava levemente para os lados com os olhos assustados.

Amarrei com uma corda a caixa sobre a traseira de uma velha camioneta emprestada por um amigo, entrei, dei a partida e pus-me a rodar pelo bairro. Sem saber ao certo para onde ir, fiquei algum tempo zanzando com o porco pelo bairro, a camioneta tremia, batia, parecia que iria se despedaçar a qualquer momento. Passei por uma turma de homens que conversavam em frente a um bar, parei e ofereci o porco. Mostrei o animal que adquiria um aspecto cada vez pior, a camioneta torrava por causa do calor que aumentava. O sol brilhava como uma bola de fogo louca e forte. O porco parecia tonto, com olhar morto ele fitáva-nos, baixava a cabeça e raspava o nojento fochinho no chão da pequena caixa de madeira. Logo ele estaria com sede, talvez já estivesse. “Ninguém comprará esse animal horrível”, pensei ao observá-lo. Os homens olharam-me com desconfiança e curiosidade, analizaram o porco e fizeram piadas a respeito do animal. Baixei o preço, limpei o suor que brotava em minha fonte, cuspi. De repente um velho que ouvia nossa conversa enquanto pitava um cigarro de palha aproximou-se vagarosamente. Olhou o porco, fucinho nojento, orelhas caídas, patas de besta... e fez uma oferta pelo animal. Fechei negócio, peguei o dinheiro e o velho levou o porco.

“Vendi o porco”, cheguei anunciando para Clara. Ela sorriu de satisfação, já no tanque. “Essa noite é nossa”, prometi enquanto a abraçava com ternura. Comprei o vinho, morangos e uvas para Clara.

Massive Attack - Live With Me

De borrachas e outras coisas


Asfalto, borracha, ruídos, pessoas batendo em você. Atropelo. Cimento e concreto. A beleza urbana, urbanóides. Moro, vivo neste pedaço de terra aí. Isolado, e ainda tem um céu azul e belas nuvens, árvores e mata. Gosto do lugar, da calamaria e das noites estreladas. Ainda tem o som de um velho trem de carga que passa próximo. A noite, deitado, dá para ouvir o som dele atravessando a mata como uma velha serpente mágica. É um dos sons mais lindos que existe, trens são mágicos. Algumas noites sento na varando e fumo um cigarro, fico observando a paisagem, a noite imensa, as estrelas brilhantes. Alguns amigos perguntam como consigo viver distante, isolado, fora do mundo. Como consigo?...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Clase - Por Charles Bukowski

No estoy muy seguro del lugar. Algún sitio al Noroeste de California. Hemingway acababa de terminar una novela, había llegado de Europa o de no sédonde, y ahora estaba en el ring pegándose con un tipo. Había periodistas, críticos, escritores -bueno, toda esa tribu- y también algunas jóvenes damas sentadas entre las filas de butacas. Me senté en la última fila. La mayor parte de la gente no estaba mirando a Hem. Sólo hablaban entre sí y se reían.
El sol estaba alto. Era a primera hora de la tarde. Yo observaba a Ernie. Tenía atrapado a su hombre, y estaba jugando con él. Se le cruzaba, bailaba, le daba vueltas, lo mareaba. Entonces lo tumbó. La gente miró. Su oponente logró levantarse al contar ocho. Hem se le acercó, se paró delante de él, escupió su protector bucal, soltó una carcajada, y volteó a su oponente de un puñetazo. Era como un asesinato. Ernie se fue hacia su rincón, se sentó. Inclinó la cabeza hacia atrás y alguien vertió agua sobre su boca.
Yo me levanté de mi asiento y bajé caminando despacio por el pasillo central. Llegué al ring, extendí la mano y le di unos golpecitos a Hemingway en el hombro.
-¿Señor Hemingway?
-¿Sí, qué pasa?
-Me gustaría cruzar los guantes con usted.
-¿Tienes alguna experiencia en boxeo?
-No.
-Vete y vuelve cuando hayas aprendido algo.
-Mire, estoy aquí para romperle el culo.
Ernie se rió estrepitosamente. Le dijo al tío que estaba en el rincón.
-Ponle al chico unos calzones y unos guantes.
El tío saltó fuera del ring y yo le seguí hasta los vestuarios.
-¿Estás loco, chico? -me preguntó.
-No sé. Creo que no.
-Toma. Pruébate estos calzones.
-Bueno.
-Oh, oh... Son demasiado grandes
-A la mierda. Están bien.
-Bueno, deja que te vende las manos.
-Nada de vendas.
-¿Nada de vendas?
-Nada de vendas.
-¿Y qué tal un protector para la boca?
-Nada de protectores.
-¿Y vas a pelear en zapatos?
-Voy a pelear en zapatos.
Encendí un puro y salimos afuera. Bajé tranquilamente hacia el ring fumando mi puro. Hemingway volvió a subir al ring y ellos le colocaron los guantes.
No había nadie en mi rincón. Finalmente alguien vino y me puso unos guantes. Nos llamaron al centro del ring para darnos las instrucciones.
-Ahora, cuando caigas a la lona -me dijo el árbitro- yo...
-No me voy a caer -le dije al árbitro.
Siguieron otras instrucciones.
-Muy bien, volved a vuestros rincones; y cuando suene la campana, salid a pelear. Que gane el mejor. Y -se dirigió hacia mí- será mejor que te quites ese puro de la boca.
Cuando sonó la campana salí al centro del ring con el puro todavía en la boca.
Me chupé toda una bocanada de humo, y se la eché en la cara a Hemingway. La gente rió. Hem se vino hacia mí, me lanzó dos ganchos cortos, y falló ambos golpes. Mis pies eran rápidos. Bailaba en un continuo vaivén, me movía, entraba, salía, a pequeños saltos, tap tap tap tap tap, cinco veloces golpes de izquierda en la nariz de Papá. Divisé a una chica en la fila frontal de butacas, una cosa muy bonita, me quedé mirándola y entonces Hem me lanzó un directo de derecha que me aplastó el cigarro en la boca. Sentí cómo me quemaba los labios y la mejilla, me sacudí la ceniza, escupí los restos del puro y le pegué un gancho en el estómago a Ernie. El respondió con un derechazo corto, y me pegó con la izquierda en la oreja. Esquivó mi derecha y con una fuerte volea me lanzó contra las cuerdas.
Justo al tiempo de sonar la campana me tumbó con un sólido derechazo a la barbilla. Me levanté y me fui hasta mi rincón. Un tío vino con una toalla.
-El señor Hemingway quiere saber si todavía deseas seguir otro asalto.
-Dile al señor Hemingway que tuvo suerte. El humo se me metió en los ojos. Un asalto más es todo lo que necesito para finalizar el asunto.
El tío con la toalla volvió al otro extremo y pude ver a Hemingway riéndose.
Sonó la campana y salí derecho. Empecé a atacar, no muy fuerte, pero con buenas combinaciones. Ernie retrocedía, fallando sus golpes. Por primera vez pude ver la duda en sus ojos.
¿Quién es este chico?, estaría pensando. Mis golpes eran más rápidos, le pegué más duro. Atacaba con todo mi aliento. Cabeza y cuerpo. Una variedad mixta. Boxeaba como Sugar Ray y pegaba como Dempsey.
Llevé a Hemingway contra las cuerdas. No podía caerse. Cada vez que empezaba a caerse, yo lo enderezaba con un nuevo golpe. Era un asesinato. Muerte en la tarde. Me eché hacia atrás y el señor Hemingway cayó hacia adelante, sin sentido y ya frío.
Desaté mis guantes con los dientes, me los saqué, y salté fuera del ring. Caminé hacia mi vestuario; es decir, el vestuario del señor Hemingway, y me di una ducha. Bebí una botella de cerveza, encendí un puro y me senté en el borde de la mesa de masajes. Entraron a Ernie y lo tendieron en otra mesa. Seguía sin sentido. Yo estaba allí, sentado, desnudo, observando cómo se preocupaban por Ernie. Había algunas mujeres en la habitación, pero no les presté la menor atención. Entonces se me acercó un tío.
-¿Quién eres? - me preguntó-. ¿Cómo te llamas?
-Henry Chinaski.
-Nunca he oído hablar de ti -dijo.
-Ya oirás.
Toda la gente se acercó. A Ernie lo abandonaron. Pobre Ernie. Todo el mundo se puso a mi alrededor. También las mujeres. Estaba rodeado de ladrillos por todas partes menos por una. Sí, una verdadera hoguera de clase me estaba mirando de arriba a abajo. Parecía una dama de la alta sociedad, rica, educada, de todo -bonito cuerpo, bonita cara, bonitas ropas, todas esas cosas-. Y clase, verdaderos rayos de clase.
-¿Qué sueles hacer? -preguntó alguien.
-Cojer y beber.
-No, no- Quiero decir en qué trabajas.
-Soy friegaplatos.
-¿Friegaplatos?
-Sí.
-¿Tienes alguna afición?
-Bueno, no sé si puede llamarse una afición. Escribo.
-¿Escribes?
-Sí.
-¿Qué?
-Relatos cortos. Son bastante buenos.
-¿Has publicado algo?
-No.
-¿Por qué?
-No lo he intentado.
-¿Dónde están tus historias?
-Allá arriba -señalé una vieja maleta de cartón.
-Escucha, soy un crítico del New York Times. ¿Te importa si me llevo tus relatos a casa y los leo? Te los devolveré.
-Por mi de acuerdo, culo sucio, sólo que no sé dónde voy a estar.
La estrella de clase y alta sociedad se acercó:
-El estará conmigo. -Luego me dijo-. Vamos, Henry, vístete. Es un viaje largo y tenemos cosas que... hablar.
Empecé a vestirme y entonces Ernie recobró el sentido.
-¿Qué coño pasó?
-Se encontró con un buen tipo, señor Hemingway -le dijo alguien.
Acabé de vestirme y me acerqué a su mesa.
-Eres un buen tipo, Papá. Pero nadie puede vencer a todo el mundo. -Estreché su mano-. No te vueles los sesos.
Me fui con mi estrella de alta sociedad y subimos a un coche amarillo descapotado, de media manzana de largo. Condujo con el acelerador pisado a fondo, tomando las curvas derrapando y chirriando, con el rostro bello e impasible. Eso era clase. Si amaba de igual modo que conducía, iba a ser un infierno de noche.
El sitio estaba en lo alto de las colinas, apartado. Un mayordomo abrió la puerta.
-George -le dijo-. Tómate la noche libre. O, mejor pensado, tómate la semana libre.
Entramos y había un tío enorme sentado en una silla, con un vaso de alcohol en la mano.
-Tommy -dijo ella- desaparece.
Fuimos introduciéndonos por los distintos sectores de la casa.
-¿Quién era ese grandulón?
-Thomas Wolfe -dijo ella-. Un coñazo.
Hizo una parada en la cocina para coger una botella de bourbon y dos vasos. Entonces dijo:
-Vamos.
La seguí hasta el dormitorio.
A la mañana siguiente nos despertó el teléfono. Era para mí. Ella me alcanzó el auricular y yo me incorporé en la cama.
-¿Señor Chinaski?
-¿Sí?
-Leí sus historias. Estaba tan exitado que no he podido dormir en toda la noche. ¡Es usted seguramente el mayor genio de la década!
-¿Sólo de la década?
-Bueno, tal vez del siglo.
-Eso está mejor.
-Los editores de Harperis y Atlantic están ahora aquí conmigo. Puede que no se lo crea, pero cada uno ha aceptado cinco historias para su futura publicación.
-Me lo creo -dije.
El crítico colgó. Me tumbé. La estrella y yo hicimos otra vez el amor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contos Maringaenses

O Paraná possui ótimos escritores, e uma nova turma, leva... caras que estão afim de criar suas histórias está nascendo. Botando a cara pra bater. Recebi o ebook Contos Maringaenses do meu amigo Wilame Prado. Ele e outros escritores de Maringá lançam o ebook e percorrem a cidade como uma brisa de uma bela poesia da vida cotidiana. Baixe seu ebook gratuitamente e conheça mais essa literatura.

http://contosmaringaenses.blogspot.com/p/2.html