segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SONHOS DE VERÃO NUMA NOITE SULINA

As rádios haviam anunciado uma forte onda de calor que se instalaria sobre o Rio Grande do Sul. Porto Alegre está mergulhada nela. Um inferno, terrível. As casas se tornam fornos e a população busca o refúgio que pode. Os relógios marcam uma temperatura superior a 40 graus. Derreto, meu corpo gruda. Em meio a tudo isso ainda consigo pensar em noites geladas em Praga.
Imagino um passeio noturno acompanhado por uma bela tcheca de cabelos tão dourados que são capazes de ofuscar o sol. O corpo voluptuoso, cheio de generosas curvas, ancas largas, uma farta bunda e suculentos peitos. A pele muito branca e suave, exalando um suave perfume. As ruas da cidade cheias de História, os
prédios e casas banhados pelas sombras da noite, as luzes cansadas nos postes de iluminação. A gostosa sensação do frio em nossas faces. Depois uma pequena pensão, uma cama grande e confortável, cigarros, alguma boa bebida e a noite toda pela frente...
Acho que ando meio romântico. Então lembro da minha conta bancária e deixo Praga nos meus sonhos dourados. O ventilador capenga ronca, ligo o rádio. Sinto-me leve e tranqüilo.
Mulheres zanzam para cima e para baixo durante a noite. CORPOS, CORPOS E CORPOS. As ruas estão barulhentas, as buzinas dos idiotas gritam, a procura incessante, as pernas de fora. Um bolsão pulsante de desejos. Continuo escrevendo tentando escrever.
O calor sufocante, o suor, a cama solitária. Que trágico, que auto-piedade! O calor continua aqui no Sul, e Praga ainda é um sonho distante.

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