Terceiro dia
Coca-Cola
Marcamos no bar, no fim da tarde. Ela me encontrou enquanto eu bebia uma Cola-Cola. Pela manhã eu soube que havia perdido a vaga para estagiário de jornalismo num pequeno jornal da cidade, mas um amigo de faculdade já havia me indicado para outra vaga em outro jornal. Eu tinha fé. Estava confiante nessa nova vaga. Andréa chegou sorridente, vestia uma calça jeans, uma pequena blusa colada ao corpo e de seus dedos pendia um cigarro ainda apagado. Assim que chegou colou seus lábios nos meus e sentou-se.
- Essa é uma cidade fantasma – ela disse.
- O quê?
- Cidade fantasma. Vivemos numa cidade fantasma. Aqui nada existe. Nem eu, nem você, nem seus amigos ou os meus. Todas aquelas pessoas que andam e se acotovelam-se nas ruas como se não existisse mais nada a não ser elas. Todos eles. São apenas fantasmas. Assim como essa cidade. Apenas aceitam, não reagem. Acabei concordando e quase formamos ali, uma dupla de heróis. Poderíamos vencer o mundo. Eu, ela, nosso amor. Nosso amor? Ou meu amor? Seu amor? Nesse instante hesitei com meus pensamentos. Ela me amava? Então olhei em seus olhos e ela sorriu como se tivesse lido meus pensamentos. Não sei o real motivo, mas acabei pensando que sim. Ela acendeu o cigarro e uma garçonete esquelética chegou na mesa para fazer o pedido. Outra Coca? – ela disse. Andréa sorriu e respondeu tão simples como um pardal na beira da estrada – uma cerveja.
sábado, 6 de novembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário