sábado, 27 de agosto de 2011

A Sereia de Osório

Existe um conto do escritor Borges no qual um homem circula pela cidade sempre vestido da mesma maneira. Circula pelas ruas tranqüilamente, calmo, sem dar muita atenção para ninguém. Acho que sem dar atenção alguma. O homem tranqüilo, que veste sempre as mesmas roupas diariamente, que passa sem chamar a atenção de ninguém é apenas mais um pacato cidadão de uma simples cidade. Isso se repete por alguns dias, semanas, meses, até que numa certa noite dois policiais entram em sua casa e o predem. Motivo: O homem andava pela cidade completamente nu. Seu terno não passava de uma simples pintura sobre seu corpo. Genial. Borges havia acertado novamente.
Depois de escrever duzentos contos eu havia desistido deles, ou eles haviam me abandonado. Ou os dois. Estou de jeans, sem camiseta e tendando convercer Lulu que eu deveria estar louco em continuar tentando. Lulu me dava conselhos, dizia que era assim mesmo e que seria uma questão de tempo para eu voltar a escrever.
- Você ainda escreverá muitos livros.
- Sei... estou com quarenta anos de idade e ainda não publiquei.
- Gosto dos teus contos.
- Sei.
- Ei, lembra aquela história da sereia que você encontrou em na praia de Osório?
- Lembro.
- Aquela foi uma boa história.
Lulu ficou quieta, pareceu que estava pensando naquilo tudo. Na sereia, nos meus contos, em tudo. Eu havia escrito 200 contos antes de eles me abandonarem. Porto Alegre dormia aos poucos.


Um comentário:

  1. escreva, escreva, escreva.
    a vida é questão de sorte e contatos.
    mais contatos do q sorte.
    infelizmente ñ é questão de talento.
    escreva, desenhe, escreva.

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