sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eu dançaria se soubesse Lili

Eu não sabia dançar. Não sei. Por mais que Lili tentasse me ensinar. Ficamos assim por algumas semanas. Ela colocava música e me enrolava em seus braços. Boleros.
- Os Machões não dançam - eu disse, referindo-me ao livro do escritor Norman Mailer.
- Hahaha... Você é um idiota.
- Sim..., na maioria das vezes - eu respondi.
- Assim não dá, desisto! - ela disse.
- Eu falei que não consigo aprender. Como escreveu o Norman: Os Machões não dançam.
- Ah, pare com isso! Esse Norman não sabe de nada.
- Acho ele um bom escritor.
- Não sei, não quero saber...
- Está bem Lili. Vamos parar, eu desisto.
- Mas não entendo, fica ouvindo esses boleros e não sabe dançar.
- Não importa, os boleros são pelo meu coração partido.
- Ha,ha,ha... Você? Comigo esse papo não rola, neném.
- Lili, faça um café pra mim, por favor. As mulheres despedaçam meu coração.
- Acredito..., não sei como trato você tão bem.
Lili andou em direção ao fogão. A bunda grande requebrando sob o tecido do leve vestido floreado. Era linda. Era um senhor corpo. Um pardal pousou na janela. Um canário amarelo como um girassol. Acendi um cigarro e esperei o café.

2 comentários:

  1. wiskow,
    posta uns textos lá no BASTARDOS DO VELHO SAFADO. acho que só vc não tem nada lá.
    []s

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  2. Gostoso texto, a prosa caminha, tem gracejos e sabor

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